segunda-feira, 18 de julho de 2011

Já deu, não?

Já há algum tempo pretendo escrever sobre esse tema e nos últimos dias me deparei com a cereja do bolo. Em todos os fóruns sobre Geração Y que já participei – todos comandados por pessoas de outras gerações – percebi que o discurso sempre se baseia em duas frentes: críticas e a busca por soluções para esse “problema”.

É óbvio que as críticas são extremamente bem elaboradas, polidas e políticas, quase que em tom de compaixão. Mas continuam sendo críticas. É muito difícil ver alguém que defenda ou valorize genuinamente as esquecidas qualidades da geração Y. Geralmente é algo do tipo: “Eles são velozes, mas...” ou outra clássica: “Eles tem muito potencial, porém...”

Quando o alvo das críticas não é a Geração Y sobra para nossos pais e chegamos a uma questão ainda mais complexa: afinal, quem são nossos pais? Não seriam aqueles das gerações que nos criticam? Os Baby Boomers e os X criaram monstros sem virtudes? Não creio.

É engraçado porque ninguém é pai ou mãe da geração Y. São sempre chamados de “Os pais”, uma entidade escravizada que condenou o mundo a seres rebeldes e poderosos. Como se ninguém estivesse dando hoje celulares para crianças de 9 anos de idade ¬¬

Se os pais de hoje e de ontem protegem seus filhos, isso não quer dizer que um dia eles não vão quebrar a cara e aprender. Pode ser que hoje em dia isso esteja acontecendo mais tarde, mas assim como com todas as pessoas de outras gerações, uma hora eles caíram, choraram, levantaram e continuaram. Parece que a Geração Y vai cair e nunca mais vai levantar, o que é um pensamento completamente equivocado.

Volto a dizer, como já escrevi outras vezes, o tamanho da exposição que a Ger Y tem é inversamente proporcional ao número de pessoas que faz parte desse grupo. A novidade agora é que os Y não são merecedores da felicidade. Crucifiquem-me se quiserem, mas só eu achei isso ridículo? Que ser humano não é merecedor de buscar a própria felicidade? Entendam, chegamos ao ponto de discutir o direito a felicidade dos outros, tal é o exacerbado pessimismo com relação a essa minoria chamada de Geração Y.

E por mais criticada que seja, o mercado e as empresas consomem o máximo que podem desse produto. São processos seletivos para estágio, para trainee, sempre com um discurso de “formação de líderes” (?!). É difícil de entender, mas mais complicado ainda é compreender porque as gerações anteriores preferem falar mal livremente da Geração Y e problematizá-la sem dó, ao invés de se unir a ela, tentar falar uma língua adequada a todos e construir relações baseadas no respeito às diferenças e na valorização do que o outro tem de bom.

Falamos tanto em inserção, em igualdade e em diversidade, e nesse aspecto, caminhamos para trás, esquecendo completamente que por trás dos rótulos dados à geração Y, existem seres humanos, indivíduos únicos, que são jovens como foram todas as outras gerações.

Não tenho a menor pretensão de ensinar nada a ninguém das gerações anteriores, só espero que quando a Geração Y estiver no topo, todos se lembrem de respeitar os indivíduos e as diferenças, sem deixar que uma letra fale em nome de toda uma geração.

3 comentários:

  1. Tô sentindo uma respostinha ao texto-hit do momento da Eliane Brum. =)
    Concordo em parte com o que ela diz, toda generalização é equivocada, e esse pra mim é o principal pecado do texto dela. Me deparei dia desses por aqui com um rebanho daqueles tipos que ela descreve no texto, seres y sub-aproveitando oportunidades. Fiquei deprimidissima rsrsrs... Mas não se pode identificar características de uma fatia da geração e querer afirmar que tais pertencem a TODOS da geração.

    Esse próprio conceito de geração pra mim é uma aberração sem fim. Galeano diria que nada mais é que uma nova tentativa de enquadrar os seres, rotular. Seu potencial não é determinado por isso. Mas não me leve a sério, eu só leio autor "sujo", nem devo saber do que tô falando.


    Bjooo, Lili!

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  2. Excelente post! Da maneira que lemos, parece mesmo que a geração Y não tem pai...ou algo do tipo, "filho feio não tem pai". Como se, de fato, o filho fosse feio mesmo! E, quase sempre não o é. Estou gostando muito de ler sobre o assunto.

    Parabéns pelo texto.

    Alessandra.

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